A Oficina do Carpinteiro ...

Ele olhou ao redor de sua oficina de carpinteiro. Permaneceu por alguns momentos no refúgio da pequena sala que abrigava tantas boas recordações. Segurou o martelo na mão. Passou os dedos pelos dentes afiados do serrote. Acariciou a madeira gasta do seu cavalete. Ele tinha vindo para se depedir.

Era chegada a hora de partir. Alguma coisa fez com que soubesse que chegara a hora. Então, veio pela última vez para sentir o cheiro de madeira e de serragem.

A vida era tranquila aqui. Era tão... Segura...

Eu me pergunto se Ele queria ficar. Pergunto porque sei que Ele já havia lido o último capítulo. Ele sabia que os pés que sairiam da sombra segura da oficina de carpinteiro não descansaria até que tivessem sido perfurados e cravados em uma cruz romana.

Se houve alguma hesitação por parte de sua humanidade, foi superada pela compaixão da sua divindade. A sua divindade ouviu as vozes...

A sua divindade viu os rostos... desde o rosto de Adão até o rosto do bebê nascido em algum lugar do mundo, enquano você lê estas palavras... Ele viu todos os rostos.

E você pode estar certo de uma coisa. Entre as vozes que acharam o seu caminho naquela oficina de carpinteiro, em Nazaré, estava a sua voz...

Ele não apenas ouviu; Ele viu você. Viu o seu rosto envergonhado na primeira vez que o viu. O mesmo rosto que olhou para você no espelho, esta manhã, olhou para Ele. E isto foi suficiente para matá-Lo.

Ele partiu por sua causa.

Ele deixou a segurança que tinha junto ao seu martelo. E pendurou-a tranquilamente com o seu avental, e com os pregos. Ele fechou as janelas em meio ao brilho de sua juventude, e trancou a porta do conforto e da liberdade do anonimato.

Visto que Ele podia suportar os nossos pecados mais facilmente do que suportar a idéia do nosso desespero, Ele decidiu partir.

Não foi fácil. Deixar a carpintaria nunca foi fácil...

LUCADO, Max. God Came Near.