segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Está tudo bem com você?


Vendo-a de longe o homem de Deus, disse a Geazi, seu moço: Eis aí a sunamita; corre ao seu encontro e dize-lhe: Vai tudo bem contigo, com teu marido, com o menino? 2 Reis 4:25, 26.

No tempo determinado a promessa de Eliseu se cumpriu e nasceu um bebê naquele lar em Suném. Sua chegada tardia o tornou ainda mais precioso aos pais.


O menino cresceu, e um dia, ao acompanhar seu pai, que estava com os segadores, ele foi vítima de insolação. “Ai, minha cabeça!”, gritou ele. O pai o tomou nos braços e, chamando um servo, fez o que é melhor nessas ocasiões: mandou-o para a sua mãe.


A mãe ficou com ele no colo até o meio-dia, e então o garoto morreu. A mãe teve a sensação de que a vida havia lhe passado uma rasteira. A dor foi tanta que ela quase desejou nunca ter tido um filho. Então ela se lembrou de Eliseu.


Tomando o menino, levou-o ao quarto do profeta e o depôs sobre a cama dele. Em seguida, como esposa submissa, comunicou ao marido o seu plano de viajar para encontrar-se com o profeta e voltar ainda no mesmo dia. Mas não lhe explicou o motivo da viagem.


Talvez ela receasse que, se dissesse ao marido que sua intenção era chamar o profeta a fim de que este ressuscitasse o menino, o marido não concordasse com a viagem, julgando-a inútil. Era uma questão de fé, e ela quis manter o segredo apenas entre ela e Deus.


Preparou a jumenta e saiu a fim de encontrar-se com Eliseu, que estava no monte Carmelo. De longe, ele a viu e a reconheceu. E disse a Geazi: “Aquela é sem dúvida a mulher sunamita. Será que ela está com algum problema? Corra ao seu encontro e pergunte-lhe se está tudo bem com ela, com o marido e com o menino.”


Quando Geazi a saudou e lhe fez tais perguntas, ela deu uma resposta curta: “Tudo bem.” Não estava nada bem, mas a aflição do seu coração ela só revelaria ao profeta. Ao chegar junto ao homem de Deus, ela apeou da jumenta, abaixou-se e abraçou-lhe os pés. Em poucas palavras a angustiada mulher contou a Eliseu o que havia acontecido. Fora através da intervenção dele, o profeta de Deus, que ela havia tido um filho. E agora, que o menino estava morto, não poderia ele trazê-lo de volta à vida?


O filho da sunamita estava morto. Haveria esperança de trazê-lo de volta à vida? Eliseu fez então algo singular: deu a Geazi o seu bordão e mandou colocá-lo sobre o rosto do menino. Geazi apressou-se e procedeu conforme a instrução de Eliseu, mas não deu resultado. “Não houve nele voz nem sinal de vida.”


Este é, provavelmente, o único caso relatado na Bíblia em que um profeta tentou um milagre e este resultou em fracasso. Teria o bordão de Eliseu perdido sua virtude ao passar às mãos de um homem como Geazi? Ou Deus só operaria um milagre através do toque pessoal e da presença de Eliseu?


Há nas Escrituras alguns exemplos em que Deus achou por bem operar milagres através de coisas inanimados, como foi o caso de um homem que ressuscitou quando seu cadáver tocou os ossos de Eliseu (2Rs 13:21), quando saiu poder das vestes de Jesus ao ser tocado por uma mulher enferma (Mc 5:25-34) e, de modo ainda mais impressionante, ao “levarem aos enfermos lenços e aventais” do uso pessoal de Paulo, fazendo com que as enfermidades fossem curadas e os espírito malignos se retirassem (At 19:12). No entanto, tais exemplos são relativamente raros e se constituem exceções à regra.


O método do bordão, embora pareça às vezes necessário, em virtude da complexidade da vida moderna, é sempre inferior ao método pessoal. Podemos preencher um cheque e enviá-lo a uma família necessitada, mas tal atitude de ajuda teria maior significado se fôssemos lá pessoalmente.


Desde o início, a angustiada mulher sunamita não depôs fé alguma em tal método, pois declarou a Eliseu que não o deixaria por nada deste mundo. Então Eliseu a seguiu até Suném, e no caminho encontrou-se com Geazi, que voltava. Este comunicou ao profeta que o milagre, de fato, não havia ocorrido. O menino não havia despertado.


Então Eliseu subiu ao quarto e deitou-se sobre o menino. Este aqueceu-se, espirrou sete vezes, e foi devolvido com vida à mãe.


Todas as crianças serão devolvidas às mães no glorioso dia da volta de Cristo. “Os anjos ‘ajuntarão os Seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus’. Criancinhas são levadas pelos santos anjos aos braços de suas mães. Amigos há muito separados pela morte, reúnem-se, para nunca mais se separarem, e com cânticos de alegria ascendem juntamente para a cidade de Deus” (Orientação da Criança, p. 566).


Vivamos na expectativa desse maravilhoso reencontro!


Scheffel, Rubem M. Meditações diárias: com a eternidade no coração. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

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