terça-feira, 7 de julho de 2009

O sujeito do ótimo


As Multidões ou Cristo


Bob adorava deixar as pessoas felizes. Bob vivia para deixar as pessoas felizes. Se as pessoas não estivessem felizes, Bob não ficava feliz. Portanto, todos os dias, Bob se punha a fazer as pessoas felizes. Não era uma tarefa simples, porque o que deixava um feliz pode deixar o outro bravo.

Bob vivia num lugar em que todos usavam casacos. As pessoas nunca tiravam os casacos. Bob nunca perguntava: Por quê? Só perguntava: Qual? “Qual deles vou usar?”

A mãe de Bob adorava azul. Então, para agradá-la, ele usava o casaco azul. Quando ela o via usando o casaco azul, dizia: “Ótimo Bob! Adoro quando você usa azul”. Assim, ele usava o casaco azul o tempo todo. E já que nunca saía de casa e não via a ninguém, se não a mãe, ficava feliz porque ela ficava feliz e dizia “ótimo, Bob” o tempo todo.

Bob cresceu e conseguiu um emprego. No primeiro dia de seu primeiro trabalho, Bob acordou cedo, vestiu o melhor casaco azul e saiu andando pela rua. Mas as pessoas das ruas não gostavam de azul. Gostavam de verde. Todos na rua usavam verde. Quando ele passava, todos olhavam para ele e diziam: “Bah!”

"Bah!" Era uma palavra dura para os ouvidos de Bob. Sentia-se culpado de fazer com que um “bah” saísse da boca das pessoas. Ele adorava ouvir um “ótimo!”. Detestava ouvir um “bah!”. Quando as pessoas viram seu casaco azul, e disseram “bah”, Bob correu para uma loja de roupas e comprou um casaco verde. Vestiu o casaco verde sobre o azul e voltou para a rua. “Ótimo!”, gritavam as pessoas quando ele passava. Sentiu-se melhor por fazê-las sentir melhor.

Quando chegou no serviço, entrou no escritório do chefe usando o casaco verde.
- Bah! – Disse o chefe.
- Ah, desculpe – respondeu Bob, tirando depressa o casaco verde e mostrando o azul. – O senhor deve ser como minha mãe.
- Duas vezes bah! – reclamou o chefe. Levantou-se da cadeira, foi até o armário e tirou um casaco amarelo. – Aqui gostamos de amarelo – instruiu.
- Às suas ordens, senhor – respondeu Bob, aliviado de não ter de ouvir outro “bah” do chefe.

Vestiu o casaco amarelo sobre o casaco verde que estava sobre o casaco azul. E foi trabalhar. Quando chegou a hora de ir embora, Bob trocou o casaco amarelo pelo verde e saiu para a rua. Na hora de entrar em casa, vestiu o casaco azul sobre o verde e o amarelo e entrou. Bob aprendeu que era difícil viver com três casacos. Os movimentos eram desajeitados, e ele sempre estava com calor. Às vezes o punho de um casaco aparecia por baixo, denunciando-o a alguém, mas antes que dissessem “bah”, Bob o arregaçava de novo.

Certo dia, Bob esqueceu de trocar de casaco antes de entrar em casa. Quando a mãe viu o verde, ficou vermelha de raiva e ia dizer “bah”. Mas antes que ela o fizesse, Bob correu e lhe fechou a boca com a mão e não deixou dizer a palavra, enquanto trocava de casacos. Aí, sim, retirou a mão para ela dizer “ótimo”.

Foi naquele momento que Bob percebeu que tinha um talento especial. Conseguia trocar de cor com facilidade. Treinando um pouco, aprendeu a despir um casaco e vestir outro em questão de segundos. Nem ele entendia sua própria versatilidade, mas estava satisfeito com ela, pois agora podia vestir qualquer cor a qualquer hora, agradando qualquer pessoa. Sua capacidade de mudar de casaco rapidamente o levou a altas posições. Todos gostavam de Bob porque achavam que era exatamente como eles. Com o tempo, foi eleito prefeito da cidade.

Seu discurso de posse foi brilhante. Os que gostavam do verde pensaram que ele estava usando verde. Os que gostavam do amarelo acharam que ele estava usando amarelo. E a mãe simplesmente achava que ele estava usando azul. Só ele sabia que estava trocando de roupa sem parar. Não foi fácil, mas valeu porque, no fim, todos disseram “ótimo”.

A vida multicolorida de Bob continuou até o dia em que um pessoal de amarelo invadiu o gabinete dele.

- Encontramos um criminoso que precisa ser executado – anunciaram, empurrando um homem contra a mesa de Bob. Bob ficou chocado com o que viu. O homem não vestia casaco nenhum, apenas uma camiseta.
- Deixe-o comigo – instruiu Bob.

E os de casaco amarelo saíram.

- Onde está o seu casaco? – perguntou o prefeito.
- Não uso casacos.
- Você não tem casacos?
- Não quero casaco.
- Não quer casaco? Mas todo mundo usa casaco. A... a... Aqui é assim.
- Não sou daqui.
- Que casaco usam lá onde você mora?
- Nenhum.
- Nenhum?
- Nenhum.
.
Bob olhou para o homem, surpreso.

- E se as pessoas não o aprovarem?
- Não estou atrás de aprovação delas.
Bob nunca ouvira palavras como aquelas. Não sabia o que dizer. Nunca vira uma pessoa sem casaco. O homem sem casaco falou novamente.

- Estou aqui para mostrar às pessoas que elas não precisam agradar as pessoas. Estou aqui para dizer a verdade.
Se Bob já tivesse ouvido a palavra verdade, teria rejeitado desde o começo.

- O que é verdade? – Perguntou.

Mas antes que o homem respondesse, do lado de fora do gabinete do prefeito, o povo começou a gritar: Mata! Mata!

Uma turba havia-se reunido junto à janela. Bob se aproximou dela e viu que a multidão estava usando verde. Vestindo seu casaco verde, disse:

- Não há nada de errado neste homem.
- Bah! – gritaram eles.

Bob recuou ao ouvir aquilo. Àquela altura, os amarelos estavam de volta no gabinete. Vendo-os, Bob trocou de cor e argumentou:

- O homem é inocente.
- Bah! – proclamarem eles.

Bob cobriu as orelhas ao ouvir a palavra. Ele olhou para o homem e perguntou:

- Quem é você?

O homem respondeu simplesmente:

- Quem é você?

Bob não sabia. Mas, de repente, quis saber. Bem naquela hora, sua mãe, que ouviria falar do dilema, entrou no gabinete. Sem perceber, Bob mudou para azul.

- Ele não é um os nossos – afirmou ela.
- Mas, mas...
- Execute-o.

Uma torrente de vozes veio de todas as direções. Bob voltou a cobrir as orelhas e olhou para o homem sem casaco. O homem estava quieto. Bob estava atormentado.

- Não posso agradá-los e, ao mesmo tempo, libertá-lo – gritou para cobrir os berros do povo.

O homem sem casaco permaneceu mudo.

- Não consigo agradar a eles e a você!
- O homem ainda permanecia calado.
- Fale comigo! – exigiu Bob.

O homem sem casaco disse uma palavra:

- Escolha.
- Não posso! – declarou Bob. Levantou os braços e gritou. – Levem-no, deixo a escolha com vocês; eu lavo as minhas mãos.

Mas até Bob sabia que, não fazendo nenhuma escolha, havia feito uma escolha. O homem foi levado para fora, e Bob focou sozinho. Sozinho com seus casacos...


Max Lucado

6 comentários:

Alceu A. Sperança disse...

Esse interessante conto faz refletir sobre a quantas anda nosso relacionamento humano.

Às vezes desagradamos pessoas próximas para agradar chefes, pretensos amigos, integrantes de um grupo.

Na verdade, é impossível agradar a todos.

Prefiro agradar os mais próximos: são eles que me socorrem quando preciso.

Como diz a máxima familiar oportunista:

"Trata bem os seus filhos. São eles que escolherão o asilo onde você vai ser internado!"

Anônimo disse...

Muito interessante o artigo. Tem pessoas que vivem tentando agradar a todos e esquecem de agradar a si próprio.

Abraços

Isabela A. Santiago disse...

Sinceramente, as palavras relatadas mexeram comigo...
e é uma das maiores verdades que se pode existir nos dis atuais é isso: a falta da escolha da propria pessoa, quem decide o que se deve comer, fazer, falar, como se comportar é a sociedadade, e um texto como esse que nos fazem reletir sobre as nossas atitudes perante a sociedade em nosso dia-a-dia.

Isabela

Anônimo disse...

História interessante, precisamos ter nossa própria personalidade e nos impor por nossas ações. Contentar a todos é muito difícil, mas se nossas ações forem corretas irão alcançar o maior número de pessoas possível.

Anônimo disse...

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¡¡¡Voy siempre en rumbo de tu amistad!!!, te extrañe mucho pero estoy de vuelta a visitarte y agradecerte por todo tu cariño con mi blog...

Pollyanna Carvalho disse...

meu Deus eu sou um bob.

Detesto fazer escolhas , pelo simples fato de odiar desapontar as pessoas.. ai as vezes fujo das situações e deixo até mesmo e fazer o q eu gosto e eo que eu quero, para não magoar ninguem..

Help!! sou um bob rsssss

adoro as postagens aqui sempre acomapanho , se puderem dar uma passadinha la no meu blog eu agradeço

bjss