sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O Homem do Arado ...

Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus. Lucas 9:62, ARC

Esse texto bíblico me traz muito boas recordações da infância, no sítio. Entre outras lides do campo, arar a terra e prepará-la para o plantio, era uma das coisas que me davam muita satisfação.

Um vizinho que possuía algumas juntas de bois adestrados para a aração convidou-me certa vez para fazer parte do seu grupo de aradores. Meu pai permitiu e eu fui feliz da vida.

Com doze anos de idade, me sentia realizado quando ia para a roça e recebia uma junta de bois fortes e possantes, atrelada ao arado para ajudar no preparo da terra. Sentia-me "dono do mundo" quando dava ordens àqueles gigantes dóceis e eles me obedeciam. Para mim, aquela era uma satisfação que eu não trocava por nada. Voltava da escola, e dentro de pouco tempo lá estava eu com os meus bois nas lides do campo. Ninguém me obrigava a isso. Fazia porque queria e gostava.

Temos algumas lições interessantes a aprender com o processo de aração do solo com tração animal. Entre elas, o fato de que não se consegue fazer um sulco reto se o arador freqüentemente olha para trás.

Naquela ocasião, os ouvintes de Jesus eram aldeões afeitos ao cultivo da terra. Como tais, sabiam muito bem que a atenção de quem ara não podia desviar-se do rumo. Daí o motivo da declaração bíblica: "[...] e olha para trás".

Para sermos discípulos de Cristo é essencial que tenhamos dedicação absoluta, total comprometimento. Os que desejam abrir sulcos retos em qualquer ramo do serviço de Deus devem se dedicar à tarefa de todo o coração, não se envolvendo "em negócios desta vida" (2Tm 2:4). Não podemos servir a Deus quando nossas atenções e tempo são desviados na direção das coisas deste mundo.

Cristo quer nos ensinar que olhar para a frente, para além, deve ser o objetivo do cristão. Quando o arador faz sulcos retos e profundos e sempre na direção do alvo, corrigindo o solo estéril, reparando o chão estragado pelas erosões e transformando-o em terreno produtivo, ele está nos ensinando que a graça de Cristo, igualmente, opera no solo do coração as admiráveis transformações espirituais. "O jardim do coração precisa ser cultivado. O solo necessita ser sulcado por profundo arrependimento." (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 56).
Desejo congratular-me com todos os lavradores que nos ensinam, pelo trabalho que fazem, como preparar o solo do coração.

REFLEXÃO: "Eu, porém, olharei para o Senhor" (Mq 7:7).

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SARLI, Wilson. Água da fonte. Tatuí, SP: Casa publicadora Brasileira, 2008.

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