quarta-feira, 2 de abril de 2008

O povo da Caverna ...

Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam. João 1:11


Há muito tempo atrás, ou nem tanto tempo assim, vivia uma tribo numa caverna escura e fria.

Os moradores da caverna viviam amontoados, e reclamavam do frio. Soltavam longos lamentos em voz alta. Era tudo que sabiam fazer. Os sons na caverna eram fúnebres, mas as pessoas não sabiam, porque não sabiam o que era alegria. O espírito na caverna era de morte, mas as pessoas não sabiam, porque não sabiam o que era vida.

Mas então, certo dia, ouviram uma voz diferente.

Ouvi o lamento de vocês - anunciava a voz. - Senti o frio de vocês, e vi o escuro em que vivem. Vim ajudar.

O povo da caverna ficou quieto. Nunca tinham ouvido tal voz. A esperança soava-lhes estranha aos ouvidos.

Como vamos saber se você veio realmente para ajudar?

Confiem em mim - respondeu ele. - Tenho o que vocês precisam.

O povo da caverna examinou, através da escuridão, o perfil do estranho. Ele empilhava alguma coisa, parava e voltava a empilhar.

O que você está fazendo? - alguém gritou, nervoso.

O estranho não respondeu.

O que você está fazendo? - alguém gritou mais alto ainda.

Ainda sem resposta.

Fale para nós! - Exigiu o terceiro.

O visitante endireitou-se, e falou na direção das vozes.

Tenho o que vocês precisam. - Dizendo isso, voltou-se para a pilha aos seus pés, e ateou fogo. A madeira incendiou-se, as chamas subiram e a luz encheu a caverna.

O povo da caverna deu as costas, amedrontado.

Apague isso! - berraram. - Machuca os olhos!

A luz sempre machuca antes de ajudar - respondeu ele. - Cheguem mais perto. O desconforto logo passa.

Eu não - declarou uma voz.

Nem eu - concordou uma segunda.

Só um bobo se arriscaria a expor os olhos a uma luz dessas.

O estranho continuou perto do fogo.

Vocês preferem a escuridão? Vocês preferem o frio? Não se aconselhem com o medo. Dêem um passo de fé.

Por um bom tempo, ninguém falou. O povo amontoava-se em grupos, cobrindo os olhos. O autor da fogueira continuava ao lado do fogo.

Aqui está quente - convidava.

Ele está certo - falou alguém atrás dele - Está mais quente.

O estranho virou-se e viu uma pessoa chegando devagar para perto do fogo.

Agora consigo abrir os olhos - ela proclamou. - Estou conseguindo ver.

Chegue mais perto - convidou o autor da fogueira. Ela obedeceu. A mulher colocou-se ao alcance da luz.

Está tão quente! - estendeu as mãos, e suspirou quando o frio começou a passar. - Venham, todos! Venham sentir o calor! - Convidava ela.

Fique quieta, mulher! - gritou um dos moradores da caverna. - Vai nos fazer cair em sua loucura? Deixe-nos, e fique com a sua luz.

Ela se voltou para o estranho.

Porque eles não vêm?

Eles escolheram o frio pois, apesar do desconforto, é o que eles conhecem.
Preferem ficar com frio a mudar.

E viver no escuro.

A mulher, agora aquecida, ficou em silêncio. Olhou primeiro para a escuridão, depois para o homem.


Você vai abandonar o fogo?

Ela parou, depois respondeu:

Não posso. Não consigo suportar o frio - depois, falou novamente. Mas também não consigo suportar a idéia de ver o meu povo na escuridão.

n
em precisa - respondeu ele, estendendo a mão para a fogueira e pegando um galho. Leve isto para o seu povo. Fale para eles que a luz está aqui, e que ela é quente. Fale para eles que a luz é para todos que quiserem.

E assim ela pegou uma pequena tocha e entrou na escuridão.

...

LUCADO, Max. Ouvindo Deus na tormenta. Rio:CPAD, 2005.

inspiração, inspirações

Um comentário:

Anônimo disse...

Linda história com um profundo sentido1